A indústria cervejeira se caracteriza pelo alto consumo de água, o que consequentemente gera grandes volumes de efluentes líquidos industriais. Os efluentes de grandes cervejarias, assim como os efluentes das microcervejarias são formados pelo uso de água como ingrediente principal da cerveja, bem como nos processos de limpeza e controle de temperatura. Geralmente, na média, a produção de um litro de cerveja gera cerca de 8 a 10L de efluentes líquidos que não pode descartá-los na rede de coleta esgoto. Assim, em uma cervejaria artesanal, gara-se milhares de litros de efluentes sem receber o tratamento necessário. As características dessas águas residuais, afinal, variam muito em relação ao tipo de cerveja, os insumos utilizados e os produtos de limpeza. Assim, vamos mostrar como o tratamento de efluente cervejeiro com ozônio pode melhorar a qualidade antes de ser descartado ao esgoto.
Tratando-se da composição antes do tratamento, os efluentes da cervejaria apresentam, primeiramente, alto potencial de poluição. Seja pela sua alta carga orgânica, teor de sólidos em suspensão e presença de fósforo e nitrogênio. Portanto, há uma necessidade de tratamento desses efluentes líquidos para evitar a contaminação das águas, do solo ou da atmosfera.
Assim, o tratamento de efluente cervejeiro deve ser eficaz e que atenda aos parâmetros de descarte de resíduos, previstos em legislações federais ou estaduais. Atualmente, há legislações ambientais, como o Artigo 16 da resolução CONAMA nº 430/2011 e a Resolução CONSEMA Nº 189 DE 04/03/2022.
Os parâmetros de maior importância na análise de um efluente são DQO, DBO, pH, Temperatura, Materiais sedimentáveis, Cor e Turbidez. DBO significa Demanda Bioquímica de Oxigênio e DQO é a Demanda Química de Oxigênio. Esses parâmetros estão associados à quantidade de oxigênio que os processos biológicos e químicos precisam para degradar a matéria orgânica.
Os processos para tratamento de efluente de cervejaria utilizam métodos físicos, químicos e biológicos (bactérias aeróbicas e anaeróbicas) dentro da Estação de Tratamento de Efluente (ETE). Um sistema misto, portanto, utiliza-se ambos os tratamentos físico-químicos (precipitação de ferro e manganês, decantação ou flotação) e processos biológicos.
Tratamento Primário
No tratamento primário remove-se os sólidos inorgânicos e a matéria orgânica em suspensão pelas decantações primarias com aplicação elementos químicos. Ou seja, a DBO também é diminuída consideravelmente pela aeração inicial – promovendo a oxidação do ambiente bruto; os sólidos suspensos são praticamente removidos e o pH deve ser mantido neutro.
Tratamento Secundário
O Tratamento Secundário consiste na intensificação do processo natural de biodegradação e na retirada desses materiais biodegradáveis. As lagoas de estabilização são caracterizadas pela oxidação bacteriológica (aeróbia ou anaeróbia) e/ou redução fotossintética das algas na estabilização da matéria orgânica. Proporcionando uma alta eficiência de remoção de DBO e coliformes.
A ozonização é uma técnica moderna, rápida e eficaz capaz de aperfeiçoar o tratamento de efluentes, substituindo os compostos químicos tradicionais. As maiores vantagens do ozônio estão em seu maior poder oxidante, frente a outros produtos químicos tradicionais como o cloro e custo-benefício sem gerar subprodutos tóxicos, garantindo uma segurança maior no descarte do efluente. O ozônio (O3) é um forte agente oxidante, com o segundo maior potencial de oxidação comparado a outras substâncias.
Ele é responsável pela degradação da carga orgânica (DBO) e substâncias químicas utilizadas no tratamento de efluente industrial. O processo de ozonização complementa sobretudo as etapas primárias do tratamento já citadas no texto, assim como a aplicação no efluente bruto. Sua eficácia depende também do tempo de contato e concentração de ozônio em água, pois ele rapidamente se degrada em oxigênio, fator este que pode possibilitar o reuso dessa água tratada.
O ozônio além de promover a descontaminação microbiológica do efluente, irá melhorar os resíduais de parâmetros como DBO, DQO, Ferro, manganês, cor, turbidez, cheiro, entre outros, adequando o efluente as legislações de descarte apropriadas. Uma tecnologia em consonância com as práticas mundiais do desenvolvimento sustentável.