Durante o período de armazenar cevada é crucial prestar atenção aos principais fatores que podem afetar sua qualidade no pós-colheita ou pré-industrialização. Perdas e deterioração de grãos, presença de insetos, fungos e micotoxinas, são uns dos principais problemas que a armazenagem inadequada acarreta aos produtores. Como consequência, pode gerar dificuldades de comercialização destinada a alimentação animal e humana, ou transformado em malte para produção de cerveja.
As perdas médias brasileiras de grãos durante o processo de armazenamento, são estimadas pelo Ministério da Agricultura, em aproximadamente 10% do total produzido anualmente. Para se evitar isso, o uso de inseticidas químicos (agrotóxicos) para o controle de pragas de forma preventiva ou curativa é o mais comum atualmente. Porém seu uso também expõe tanto o trabalhador quanto o consumidor ao risco de contaminação por resíduos químicos tóxicos, como também ao meio ambiente.
A partir da atual tendência dos consumidores em evitar o consumo de químicos e agrotóxicos, há uma busca por alternativas mais saudáveis que possam substituí-los. Além disso, a resistência de pragas aos produtos químicos é uma realidade cada vez mais comum. Descubra como o ozônio pode ser uma solução eficaz para armazenar cevada contra pragas e fungos toxigênicos, uma alternativa mais eficaz, segura e atóxica para uma melhor condição no armazenamento, evitando perdas desnecessárias.
Existem uma série de medidas preventivas que devem ser adotadas nas unidades de armazenamento para evitar danos causados por pragas. Essas medidas envolvem desde a identificar pontos de entrada de pragas, como também de medidas de limpeza e higienização antes de armazenar cevada. Acima de tudo, deve haver o monitoramento dos grãos durante todo o período em que permanecerem estocados. Além das medidas básicas de prevenção, há a necessidade dos métodos de controle das pragas.
Existem dois principais métodos de controle para lidar com pragas: o uso de inseticidas químicos líquidos como tratamento preventivo e o expurgo/fumigação das sementes com o inseticida fosfina como tratamento curativo. Porém, é importante lembrar que já foram detectadas raças de pragas resistentes a esse fumegante.
Ao armazenar cevada, existem dois importantes grupos de pragas que atacam os grãos que merecem uma maior atenção, que são besouros e traças. No primeiro grupo, as espécies que causam maior prejuízo são R. dominica, S. oryzae, S. zeamais e T. castaneum , e, no segundo, S. cerealella é a traça de maior importância. Entre essas pragas, R. dominica, S. oryzae e S. zeamais são as mais preocupantes economicamente e justificam a maior parte do controle químico praticado nas unidades armazenadoras.
Existem cerca de 10 a 15 grupos de espécies de fungos de armazenagem, incluindo principalmente Aspergillus (sendo apenas cinco ou seis conhecidos por causar deterioração) e diversas espécies de Penicillium. Para que ocorra a proliferação fúngica e a consequente produção de micotoxinas, são necessárias condições favoráveis de diversos fatores, tais como, umidade e temperatura.
As micotoxinas mais encontradas em alimentos e que possuem limites máximos preconizados por força de lei são as aflatoxinas (M1, B1, B2, G1, G2), Ocratoxina A, Deoxinivalenol, Fumonisinas (B1 e B2), zearalenona e patulina. A infecção da cevada por esses fungos patogênicos acarreta a deterioração do cereal e leva a perdas de produção, diminuição da capacidade de germinação e piora da qualidade do malte de grãos
O gás ozônio tem um alto potencial oxidativo, capacidade que ele tem de destruir compostos orgânicos e inorgânicos, como bactérias, vírus, fungos, odores, entre outros. Portanto, existem inúmeras aplicações na indústria alimentícia pelas vantagens que apresenta nas técnicas de preservação. Atualmente, pode-se utilizar o gás ozônio diretamente nos grãos dentro dos silos, agindo de forma a combater os fungos e degradar as micotoxinas. Como também é capaz de remover odor e sabores ruins e até degradar resíduos dos agrotóxicos do campo.
Os Estados Unidos já declararam o ozônio como seguro desde 2001* pelo FDA (Food and Drug Administration), assim obtendo aprovação para garantir o uso seguro do ozônio em fases gasosas e aquosas como agente antimicrobiano em alimentos. No Brasil, há legislações** sobre o ozônio para o tratamento de água, remoção de agrotóxicos, desinfecção de alimentos e recentemente em aplicações médicas (ozonioterapia). O ozônio, por ser instável, se decompõe rapidamente em oxigênio sem deixar resíduos tóxicos, por isso não há limite máximo de uso. O uso de inseticidas, ou outros agrotóxicos, tem um potencial risco de contaminação, o que faz limitar a concentração e, portanto, sua eficácia. E, ainda mais, muitos microrganismos estão criando resistência aos químicos tradicionais.
Para utilizar a tecnologia de ozônio, necessita-se apenas de eletricidade e oxigênio. O gerador de ozônio é um equipamento eletrônico que irá produzir o ozônio apenas no momento de uso, evitando a necessidade dos custos recorrentes com compras de refil ou filtros, eliminando os riscos de manuseio e descarte de inseticidas. O descarte incorreto dos resíduos de agrotóxicos pode contaminar o meio ambiente, acarretando multas para o produtor.
O ozônio é uma alternativa ecologicamente eficaz para o controle de insetos-pragas, e com grande potencial de uso no armazenamento de grãos, uma vez que, aumenta a vida de prateleira dos produtos, e não altera as características físicas e nutricionais dos grãos. Portanto, cada vez mais cresce o uso do ozônio que se mostrou efetiva no controle de pragas associadas ao armazenamento de grãos e cereais.